Apesar de ser um dos povos mais ativos na internet e em redes sociais, o brasileiro não se sente nada seguro quando se trata de proteção de dados. Levantamento da consultoria Accenture, realizado recentemente em 13 países, aponta que a desconfiança acerca da privacidade e segurança online é generalizada entre os brasileiros.
Dos 1.400 executivos de alto escalão e 10 mil funcionários de outros níveis, entrevistados na pesquisa, 77% relataram preocupação referente a forma que as empresas utilizam suas informações pessoais. Outros 76% alegaram temer que seus dados sensíveis – raça, etnia, opinião política, religião, filosofias, orientação sexual, genética, biométrica e dados relacionados a saúde – possam ser alvos de ataques cibernéticos.
Episódios de vazamentos de dados massivos como os da Cambridge Analyticae Facebook e outras entidades financeiras dão sinal de alerta em todo o mundo.
Quem protege seus dados?
O Brasil é um dos países mais atrasados da América Latina quando se trata de proteção de dados. Desde 1999, o Chile tem sua lei vigorando, enquanto que, no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi aprovada somente em agosto de 2018 e a previsão é que entre em vigência o ano que vem. Desde sua criação, a LGPD tem gerado dúvidas entre empresas e cidadãos, que desconhecem os direitos e as obrigações previstas na lei.
Em dezembro de 2018 foi editada a Medida Provisória nº 869, que prevê a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), responsável pela fiscalização, advertências, multas e também pela conscientização sobre o correto tratamento às informações pessoais.
O executivo de segurança da informação na Innovativa Executivos Associados, Marcos Gomes, alerta que todo o cuidado é pouco quando se trata de proteção de dados. “O Brasil tem um longo caminho a seguir. É inadmissível ter nossas informações violadas a qualquer momento. Precisamos de uma lei atuante, para que preservem nossos direitos como cidadãos”, assinala.
Empresas precisam se adequar com urgência
E as empresas que não estiverem preparadas para enfrentar a nova realidade estão com seus dias contados. De acordo com uma pesquisa da Adobe, realizada com cerca de mil tomadores de decisão de TI, nos Estados Unidos, a segurança de dados está no topo da lista de preocupações destes executivos. “Embora aqui no país a lei comece a valer a partir de 2020, muitas empresas deixaram de fechar contratos por conta da falta de garantia da proteção de seus dados”, lembra Gomes.
Essa é a tendência para os próximos anos. As empresas irão concretizar seus negócios somente com companhias que protegerem não só suas informações como as de seus clientes e de seus fornecedores. “Está nítido que a lei será levada à sério, principalmente, porque a multa prevista para quem não respeitar será entre 2% do faturamento a R$ 50 milhões por infração”, reforça Gomes.
O especialista lista algumas dicas de como se preparar para a LGPD e evitar as multas:
- Envolvimento da liderança, RH, TI e jurídico;
- Definir o controlador que tomará as decisões sobre o tratamento dos dados;
- Escolher o encarregado (DPO) que será responsável pela proteção e comunicação entre os donos dos dados;
- Atualizar os termos de consentimento de acessos em linguagem simples e fácil compreensão;
- Controlar os termos de consentimento para garantir que todos os dados utilizados são permitidos para uso;
- Mapear os dados pessoais, identificando onde são armazenados, utilizados e transmitidos;
- Manter registros das operações realizadas com os dados pessoais;
- Treinar os colaboradores internos e externos sobre o uso dos dados.
Fonte: ITMídia
15 de maio de 2019