Blockchain é a tecnologia da vida

Quando nascemos, não temos nenhum conhecimento, somos o que podemos considerar a genesis da própria pessoa humana, uma versão inicial sem dados e sem informações, ou seja, somos uma nova cadeia de blocos de informações que são capturadas pelos nossos cinco sentidos, que leva através de impulsos elétricos para o cérebro armazenar todos os dados necessários.

Assim como a Blockchain, vivemos uma vida com um passado imutável.

Tudo o que acontece na vida do ser humano a cada segundo é registrado em nossa própria blockchain e não pode ser apagado, apenas corrigido. Se você

registra uma informação incorreta e depois entende a informação correta, o seu cérebro conseguirá distinguir as duas transações e saberá qual é a mais atualizada sem precisar apagar o passado, tal qual um registro de uma blockchain.

Não é todo mundo que consegue escrever em nossa blockchain. Ninguém consegue de forma externa enviar novas informações diretamente ao nosso cérebro sem passar pelo nosso filtro sensorial antes. Cada pessoa possui no máximo cinco sentidos:  visão, olfato, audição, paladar e tato. Cada um desses sentidos pode ser considerado um contrato-inteligente, ou seja, um “smart contract” responsável por capturar informações do mundo externo,

filtrar, validar e enviar para o nosso ledger (cérebro) o conjunto de informações.

Ao longo do dia realizamos milhares de invocações a estes smart contracts desde o momento em que acordamos. Ao tocar um objeto, olhar um vídeo, escutar um áudio, cheirar um perfume, experimentar uma comida, tudo gera um conjunto de dados que vão ficar guardados em um local temporário em nosso cérebro formando vários blocos de informações. Quando dormimos, nosso cérebro consolida esses blocos e registra em nossa blockchain todos aqueles que ele considera como válido, ou seja, aqueles que correspondem ao estado anterior da blockchain. Nem todo bloco precisa ser salvo – talvez alguma informação já exista ou já tenha sido salva por um bloco anterior, então alguns blocos podem vir a ser descartados durante

essa consolidação no sono.

Você pode vir até a sonhar com algumas coisas durante essa consolidação que é o que chamamos de “merge”. O “merge” nada mais é do que a colisão de informações que seriam salvas no mesmo bloco, mas que por algum motivo entraram em conflito e o cérebro precisa resolver esse conflito – Isso é feito juntando duas informações sem qualquer relação e gerando uma nova, mais coerente, para armazenamento. Por isso nossos sonhos às vezes não fazem nenhum sentido.

Com o passar dos anos você já possui uma blockchain rica de informações

estruturadas e relacionadas. Algumas podem ser difíceis de lembrar pois em uma blockchain muito grande também seria demorado e custoso buscar por dados em qualquer momento do tempo. Ao final da vida, a blockchain se torna cada vez maior e mais difícil de manter e você acaba começando a desligar alguns acessos aos smart contracts para tentar amenizar o problema de escalabilidade da sua própria blockchain. Quando todos os

smart contracts são desligados, nada mais é escrito e os servidores são desligados.

Assim como acontece com a blockchain, muitos tentam adivinhar qual será o futuro. Dependendo da sua religião, você pode imaginar que o ledger pode vir a ser acessado remotamente por terceiros, ou recuperado do zero em uma nova genesis. Mas assim como a vida, temos muito a descobrir sobre este futuro.

Fonte: Aline Lucia Deparis – Diretora Executiva da Maven e Diretora de Soluções Digitais da Assespro-RS

08 de agosto de 2018