Bancos estudam criar linha para folha de pagamento

Os bancos privados estudam a possibilidade de abrir linhas para financiar folhas de pagamento de empresas, que devem ver o caixa secar nas próximas semanas com a paralisação das atividades. No entanto, as instituições financeiras defendem que o Tesouro Nacional entre de alguma forma no risco dessas operações, apurou o Valor. Representantes da equipe econômica têm recebido o diagnóstico dos bancos sobre a crise deflagrada pelo coronavírus, e já ouviram a mensagem de que é preciso dar liquidez, especialmente para pequenas empresas, que serão provavelmente as mais afetadas.

O financiamento da folha de pagamentos vem sendo cogitado para assegurar que os salários continuem chegando às contas dos funcionários, evitando assim um agravamento do desemprego. “Estamos avaliando medidas para ver se ajudam a retardar demissões”, diz um graduado executivo de um grande banco.

Nos últimos anos, as instituições financeiras apostaram fortemente no crédito a pessoas físicas e a pequenas e médias empresas. São justamente os dois segmentos que mais estão na berlinda agora – o primeiro, pelo risco de desemprego, e o segundo, pela falta de caixa para continuar operando. No domingo, o presidente do conselho de administração da CSN, Benjamin Steinbruch, sugeriu que seja oferecido capital de emergência para pequenas e médias empresas pagarem seus funcionários.

A afirmação foi feita numa videoconferência promovida pela XP entre empresários e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Na ocasião, o fundador da plataforma de investimentos, Guilherme Benchimol, defendeu a criação de um “Plano Marshall” para recuperar a economia e disse que a crise pode levar a 40 milhões de desempregados. O debate vem num momento em que os bancos começam a temer uma nova crise de crédito, após terem absorvido centenas de bilhões de reais em perdas na esteira da recessão de 2016. Agora, entretanto, há sinais de que a crise será mais abrangente que a última, quando os problemas se concentraram nas grandes empresas.

Fonte: Valor Econômico

24 de março de 2020