Blockchains x ‘envenenamento por privacidade’

Até 2022, 75% dos Blockchains públicos sofrerão “envenenamento por privacidade” – dados pessoais inseridos que tornam o blockchain incompatível com as leis de privacidade, adverte estudo do Gartner. O Blockchain é uma tecnologia promissora; no entanto, as empresas que desejam implementá-la devem determinar se os dados em uso estão sujeitos a qualquer lei de privacidade.

Por exemplo, Blockchains públicos precisam de uma estrutura de dados imutável, o que significa que uma vez que os dados são gravados, não podem ser facilmente modificados ou excluídos. Os direitos de privacidade concedidos a indivíduos incluem a opção de os clientes invocarem o “direito de serem esquecidos”. Em muitos desses casos, os dados pessoais processados devem ser excluídos – o que pode ser impossível.

Isso levanta preocupações imediatas, já que as entradas em um Blockchain público podem ser envenenadas com informações pessoais que não podem ser substituídas ou excluídas estruturalmente. Essa situação fará com que as empresas não possam atender à necessidade de manter registros em conformidade com suas obrigações para cumprir as leis de privacidade. Organizações que implementarem sistemas Blockchain sem gerenciar problemas de privacidade por projeto correrão o risco de armazenar dados pessoais que não poderão ser excluídos sem comprometer a integridade da cadeia.

“Vários países estão implementando regulamentações inspiradas nos princípios do GDPR, um movimento que provavelmente continuará no futuro”, diz Bart Willemsen, Analista Sênior do Gartner. “Esses requisitos de privacidade afetam drasticamente a estratégia das empresas, a finalidade e os métodos de uma organização para o processamento de dados pessoais. Além disso, as violações desses requisitos acarretam implicações financeiras, de reputação e regulatórias”,acrescenta.

Ainda de acordo com o Gartner, até 2023, mais de 25% das implementações de prova de consentimento baseadas no GDPR irão envolver a tecnologia Blockchain, em comparação com menos de 2% em 2018. Embora as diretrizes do GDPR estejam em vigor desde maio de 2018, as organizações estão em diferentes níveis de conformidade. A pressão para cumprir plenamente a legislação está aumentando, levando as companhias europeias e as que fazem negócios com a União Europeia a avaliarem melhor seus processos de coleta de dados. No entanto, a maioria dessas empresas ainda está lutando com custos de integração de tecnologias que possam ajudar a acelerar o ajuste para a conformidade com a privacidade.

“A aplicação do Blockchain para o gerenciamento de consentimento é um cenário emergente em um estágio inicial de experimentação”, diz Willemsen. “Várias organizações começaram a explorar o uso do Blockchain para o gerenciamento de consentimento, porque a imutabilidade potencial e o rastreamento de Blockchains ortodoxos poderiam fornecer o acompanhamento e a auditoria necessários para cumprir a legislação de proteção de dados e privacidade”.

Fonte: Convergência Digital

22 de julho de 2019