Conheça a história da empresária gaúcha que resolveu apostar no blockchain

2Aline Deparis, 33 anos, viu no empreendedorismo uma forma de buscar espaço na área de tecnologia da informação. Gaúcha, lançou a Maven quando ainda cursava Administração de Empresas, há quase nove anos, e resolveu, em 2017, apostar na Trubr, uma startup voltada para uso do blockchain.

Por que você resolveu atuar na área de tecnologia da informação?
Comecei a estudar Pedagogia, mas resolvi trocar de curso e me formei em Administração de Empresas com ênfase em Análise de Sistemas. Obviamente, quando fazemos vestibular, por conta da idade, não temos certeza do que vivenciaremos na faculdade.

Apesar de não ter conhecimento técnico na época, sempre gostei de tecnologia por ser usuária. Era algo que me chamava atenção. Escolhi Administração de Empresas porque conseguiria me colocar no mercado.

A área de tecnologia da informação ainda é vista com maior presença masculina. Você percebe algum avanço em relação à participação de mulheres nas empresas?
Com certeza, houve avanços na área. Percebo cada vez mais mulheres trabalhando com tecnologia. A próxima geração terá ainda mais presença feminina.

Como e quando surgiu o desejo de empreender?
No último semestre da faculdade, fiquei desempregada. Foi aí que surgiu a oportunidade para empreender. Foi a primeira vez em que pensei “chegou o meu momento”. Sempre avaliava isso com bastante humildade porque nunca havia tido contato com esse lado empreendedor.

Na época, eu e meu sócio resolvemos participar do Prime(iniciativa da Finep de auxílio a startups com ideias consideradas inovadoras). Fomos vencedores do programa. Foi assim que começou a Maven, há quase nove anos. Somos uma empresa que desenvolve tecnologia para publicação digital de conteúdo tanto para clientes privados quanto para públicos.

De onde são os principais clientes da Maven?
A maioria deles está localizada em São Paulo, Rio Grande do Sul e Brasília.

Qual foi o maior desafio com o qual você deparou no momento em que decidiu empreender?
Comecei a empreender com 24 anos. Na época, diziam “O que uma menina dessas quer? Ela ainda terá de aprender”. Ainda não tinha expertise para iniciar uma empresa. Então, aprendi muito com a dor dos erros. Aprendi errando e não desistindo. O principal desafio no começo foi provar que, sim, poderia entregar soluções para os clientes. O desafio, independentemente da idade, é não desistir.

Você acaba de virar sócia de outra empresa, a Trubr, também em Porto Alegre. Por que resolveu apostar em mais um negócio?
Até parece que a pessoa não tem nada para fazer (risos). Decidi empreender um pouco mais. No final do ano passado, estive em um evendo em Orlando (nos Estados Unidos) focado na apresentação de tendências tecnológicas.

Na ocasião, busquei informações sobre blockchain(sistema de registro de dados e transações em rede). Minha motivação foi entender como essa tecnologia pode melhorar a vida de seus usuários. Voltei de Orlando completamente decidida. Resolvemos, então, iniciar a Trubr, voltada ao uso da tecnologia do blockchain, que ficou mais conhecida aqui no país, a partir do ano passado, por ser a base que sustenta o bitcoin.

A empresa começou a operar em novembro. Por conta disso, expandimos em 200 metros quadrados a sede da Maven, em Porto Alegre. No ano passado, fizemos uma parceria com a Procivis, uma empresa da Suíça. Somos embaixadores deles aqui no Brasil. Fizemos um acordo de desenvolvimento. A Procivis é uma parceira técnica e de investimento. Nosso intuito não é atuar no segmento de criptomoedas.

Qual é, então, o foco da empresa?
Neste momento, estamos focados em duas soluções. A primeira, de identificação de pessoas. Informações de usuários podem ser salvas no blockchain. Hoje, por exemplo, quando abrimos uma conta bancária, precisamos de uma série de cópias de documentos. Isso tudo pode ser armazenado com uso do blockchain.

A outra tecnologia em que estamos trabalhando é voltada para a rastreabilidade de informações de alimentos. O país importa muitas matérias-primas. Com o uso da tecnologia blockchain, o mercado consumidor poderia buscar esses dados, por exemplo. É uma solução, voltada a grandes produtores rurais, de certificação de alimentos.

Com a atuação em duas empresas, como é sua rotina hoje? Você segue morando Porto Alegre?
Continuo votando em Porto Alegre (risos). Por conta das viagens, minha agenda é bem corrida. Durante a semana, visito muitos clientes. O Brasil ainda vive uma crise, assim como outros países. Em uma época como essa, não trabalho só oito horas. Trabalho mais. Mesmo com a crise, a Maven teve crescimento no ano passado. O mérito não é só meu. É de toda a equipe da empresa.

Fonte: GauchaZH

18 de fevereiro de 2018