Profissão TI: reinventar-se é preciso

Com tantas mudanças acontecendo no mercado de trabalho, os que não se transformarem correm o risco de ficar para trás. Procure aprender sempre e desenvolva novas habilidades

Aprender sempre e investir em educação continuada para adquirir novas habilidades e enfrentar os desafios da economia do futuro. Estes são os conselhos de especialistas em carreira direcionados aos profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC, para impulsionar a estrada na Era da Digitalização e Automação de processos. Assim como as organizações, os talentos também precisam reinventar-se para fazer a diferença em um mundo no qual, em grande parte, robôs com Inteligência Artificial – IA estão substituindo os humanos.

É fato que inovações tecnológicas estão assumindo funções repetitivas e até atividades mais complexas, gerando insegurança e apreensão em muitos profissionais. O medo é natural, afirma Alessandra Montini, diretora do LabData, da Fundação Instituto de Administração – FIA, e consultora em projetos de Big Data e Inteligência Artificial. Porém, acredita que as máquinas não vão substituir profissionais qualificados, criativos, inovadores e com senso crítico.

“Os robôs devem ser considerados aliados das pessoas e não adversários. Eles vão pegar o lugar dos que fazem tudo sempre igual. Aprenda a fazer atividades diferentes das máquinas”, sugere a professora.

Wagner Sanchez, docente do  Centro Universitário Fiap, acredita que a aprendizagem contínua é a chave para os que querem se manter em linha com as exigências do mercado e ser mais atrativos para os empregadores. “Procure aprender sempre, seja curioso e desenvolva um pensamento crítico, habilidade muito valorizada atualmente”. As empresas, de acordo com Sanchez, estão buscando pessoas que apresentem soluções de TI criativas para resolver problemas e que nunca foram pensadas.

Habilidades para economia digital

O capital intelectual é um dos pilares das organizações que desejam obter sucesso nas estratégias de Transformação Digital e se tornarem mais competitivas. Elas estão investindo em tecnologias emergentes como Internet das Coisas – IoT, Blockchain, Data Analytics, Machine Learning, Inteligência Artificial e Segurança Cibernética.

A revolução tecnológica gera um grande impacto no mercado de trabalho. Milhões de funções estão sendo eliminadas e uma infinidade de outras estão surgindo. As mudanças exigem novas habilidades dos profissionais para manejar ferramentas e colocar os negócios na estrada digital.

Algumas dessas competências são cruciais para economia do futuro como as soft skills, que são os comportamentos que definem a personalidade do indivíduo, como caráter, comunicação interpessoal, flexibilidade, espírito de liderança e inteligência emocional.

A Era Digital prega o trabalho em ambientes ágeis, em formato de esquadrões (squads), que são os grupos multidisciplinares que deixam seus departamentos para atuar juntos. O objetivo das equipes, com autonomia para tomar decisões é acelerar os processos de inovação, estimular a criatividade e desenvolver projetos mais assertivos em menos tempo.

Para que todos trabalhem em sintonia com agilidade e colaboração, Alberto Albertin, coordenador da área de Tecnologia da Informação e do mestrado em Competitividade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo – Eaesp, da Fundação Getúlio Vargas – FGV, considera fundamental que os times tenham bem desenvolvidas as ‘soft e hard skills’. Essa última são as habilidades que podem ser aprendidas ao longo da vida, enquanto a primeira são os aspectos mais subjetivos.

O professor lembra que no modelo tradicional, os especialistas de TI tentam entender a demanda dos negócios e depois apresentam uma solução de TI, mas com a visão de observadores. “Agora TI e negócios constroem juntos as soluções”, diz Albertin.

Também é esperado que os profissionais da área sejam híbridos ou com conhecimento multidisciplinar. “O desafio dos tempos atuais é ser especialista com visão generalista e conectado com o mercado”, afirma o reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, José Carlos de Souza. No seu entender, ter visão transversal não é algo simples, pois a maioria ainda trabalha em silos. “Mas não é preciso saber tudo”, tranquiliza.

Recapacitação profissional

O movimento da Transformação Digital abriu mais oportunidades de emprego. “A demanda por pessoas que atuam em TI cresceu bastante e o mercado está aquecido”, constata Caio Arnaes, diretor de Recrutamento da Robert Half no Brasil. Entretanto, ele reconhece não ser fácil recrutar as pessoas certas. “Existe muita dificuldade para achar talentos qualificados”, admite.

Uma das dificuldades é falta do domínio da Língua Inglesa, constata Marcos Chiodi, diretor executivo da fábrica de software Monitora. A empresa está com 50 vagas abertas há dois meses e não acha candidatos com fluência no idioma para atender a clientes dos Estados Unidos e da Europa.

“O Brasil vem há pelo menos dez anos registrando déficit de profissionais de TI”, acrescenta Daniel Costa, especialista em cursos livres e de pós-graduação da Impacta. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação – Brasscom estimam que o mercado vai precisar de aproximadamente 420 mil profissionais de TIC até 2024. Deste total, cerca de 70 mil serão somente para atender ao segmento de software e serviços. Mas as universidades formam anualmente pouco mais da metade desse número, ou seja, 46 mil graduados com perfil tecnológico.

“Temos uma demanda gigantesca por profissionais de TI e o Brasil não está formando as pessoas que o mercado precisa para a Transformação Digital”, diz Gilberto Amaral, gerente de negócios da consultoria Elumini.

Com o mercado de trabalho em transformação e mais exigente, busque atualização constante. Caso queira migrar para outras profissões em TI, identifique as habilidades que as funções exigem e seja o protagonista da própria sua carreira.

Atividades promissoras em TI

A chegada de tecnologias emergentes abre espaço para novas carreiras. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, em 2020 estão sendo criadas 96 profissões em sete grupos de especializações com oportunidade de emprego em todo o mundo. Entre esses segmentos, se destacam as funções para quem domina dados e AI.

As duas tecnologias contemplam dez profissões novas que são: cientista de dados; engenheiro de dados; desenvolvedor de soluções para Big Data; analista de dados; especialista em análises de dados; consultor de dados; analista de ‘insights’ de dados; desenvolvedor de Business Intelligence e consultor de análises de dados.

O cientista de dados está entre os profissionais mais desejados pelo mercado. “Hoje quase todas empresas precisam desse tipo de talento”, conta com entusiasmo Claudio Pinheiro, cientista de dados sênior da IBM Brasil. No cargo há quatro anos, ele trabalha com outros profissionais que ocupam a mesma função distribuídos pelo mundo. Seu desafio diário é manejar informações para transformar dados em negócios com ajuda do Watson, a plataforma de AI da IBM.

Dez competências que você precisa adquirir

1 – Boa comunicação
2 – Bom relacionamento interpessoal
3 – Dinamismo
4 – Dominar o idioma inglês
5 – Flexibilidade
6 – Ser hands on (colocar a mão na massa)
7 – Orientado a resultados
8 – Perfil multidisciplinar
9 – Senso de dono
10 – Visão de negócio
Fonte: Robert Half Brasil

 

Fonte: InforChannel

24 de abril de 2020