Transformação digital não é transformar a TI, mas as pessoas, diz Gartner

Empresas precisam criar uma cultura de destreza digital — um novo design organizacional e nova mistura de talentos para um novo ambiente de trabalho —para que um projeto de transformação digital seja bem-sucedido.

O sucesso ou o fracasso de um projeto de transformação digital está nas pessoas e não em transformar a TI, como muitos imaginam. A afirmação, em tom de alerta, é do vice-presidente de pesquisa do Gartner, Cassio Dreyfuss, feita em coletiva de imprensa no Gartner Symposium/ITxpo, em São Paulo.

O analista foi enfático ao dizer que se não houver a “transformação das pessoas” e também da TI o projeto de transformação digital não chegará a lugar nenhum. “A transformação digital não é da tecnologia e nem da área de TI, mas das pessoas. Por isso, para que um projeto atinja seu objetivo, ele não pode ficar restrito a área de TI”, ratifica Dreyfuss. Ele observa que a estrutura original de caixinhas [silos] está deixando de existir e as funções passando a ser exercidas pessoas que não têm o rótulo de TI.

Esse novo cenário abre margem para o que o Gartner denomina de destreza digital, que se trata de um novo design organizacional e nova mistura de talentos para um novo ambiente de trabalho — um local de trabalho digital de alto desempenho. “As organizações devem mudar internamente para mudar externamente. É preciso criar a cultura digital e fazer com que as pessoas se sintam confortáveis em usar a tecnologia em suas atividades”, disse Dreyfuss, acrescentando que nesse cenário o papel do CIO é ajudar a criar essa cultura de destreza, em que as pessoas não precisam necessariamente ter conhecimento de linguagens de programação, ferramentas e softwares para tirar partido da tecnologia para suas atividades.

Nesse contexto, o vice-presidente sênior de pesquisas do Gartner, Mike Harris, diz que os líderes de TI devem ser proativos e assumir a liderança no processo de transformação digital, em vez de serem reativos, aguardando as demandas das áreas de negócios. Ele explicou que essa liderança envolve três papéis que incluem ser um CIO parceiro, um CIO construtor digital ou um CIO pioneiro digital.

Dreyfuss observa ainda que, para escalar, as empresas precisam de pessoas com destreza digital. “Pessoas que são colaborativas, ágeis, analíticas, inovadoras e criativas. Pessoas que têm a capacidade e o desejo de explorar tecnologias existentes e emergentes para melhores resultados de negócios”, afirma.

Uma cultura de destreza digital requer três blocos de construção: tecnologia, engajamento e diversidade. “É hora de construir sua tecnologia para a experiência do usuário e explorar habilidades experienciais, como pensamento de design, navegação guiada e testes dinâmicos de mercado. Estes se tornam suas ferramentas”, ressaltou Hung LeHong, vice-presidente e membro do Gartner. “Invista em aplicativos SaaS que tornam mais fácil para os funcionários fazerem por si mesmos, coisas como visualização de dados e integração de aplicativos. Explorar assistentes pessoais virtuais para libertar todos de tarefas de baixo valor.”

O segundo bloco de construção é o engajamento. “Faça o engajamento e pessoas o centro de design para sua tecnologia e seus processos”, afirma Dreyfuss. “Para isso, podemos usar a ciência das mudanças comportamentais. Por exemplo, usando defensores de pares, influenciadores confiáveis e governança social, nos aproximamos da criação da experiência correta dos funcionários.”

Fonte: Computerworld

25 de outubro de 2017