Um Raio-X das melhores empresas para trabalhar em TI em 2020

Para Ruy ShiozawaCEO do Great Place to Work Brasil, a pandemia provocada pelo novo coronavírus veio reforçar a importância de algumas preocupações e práticas que distinguem as empresas melhor preparadas para lidar com a gestão de pessoas.

“Passando aquele momento do pânico inicial, nas duas primeiras semanas, quando ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo”, refere-se Shiozawa ao início da adoção da quarentena em março deste ano, “o grande destaque que vimos foi as empresas realmente cuidando das pessoas”, complementa em entrevista ao IT Forum.

A 15ª edição do ranking Melhores Empresas para Trabalhar em TI, realizado pelo Great Place to Work (GPTW) e divulgado pelo oitavo ano consecutivo pela IT Mídia, reflete, de fato, um período atípico. Com equipes descentralizadas, sob um home office confinado, a cultura organizacional cobrou ações rápidas.

Mas, de acordo com a pesquisa de clima aplicada pelas companhias entre o período de julho de 2019 a julho de 2020, as empresas que integram o ranking parecem ter contornado bem os desafios. Ao todo, 508 empresas em tecnologia aplicaram a pesquisa do GPTW no período – um número de inscrições recorde. Para se ter uma comparação, em 2019, 399 empresas se inscreveram – o que demonstra, reforça a consultoria, um crescente interesse das marcas empregadoras ganharem destaque na lista.

Em 2020, 135 empresas foram reconhecidas pela lista, sendo 25 com 1000 funcionários e acima; 80 delas com 100 a 999 funcionários e 30 empresas com 30 a 99 funcionários. Tais empresas representam um universo de 212.665 funcionários. As premiadas possuem, em média, 19 anos de experiência no mercado e possuem escritórios em 11 Unidades Federativas.

Quanto à distribuição da faixa etária dos funcionários, as empresas são majoritariamente formadas por jovens colaboradores. De acordo com o GPTW TI 2020, 37% dos funcionários têm entre 26 e 34 anos; 25% possuem até 25 anos; 28% deles possuem entre 35 e 44 anos de idade. Já 9% possuem entre 45 e 54 anos de idade e apenas 2% dos talentos contam com mais de 55 anos de idade.

Skills em desenvolvimento

De acordo com o estudo, a taxa de rotatividade voluntária nas empresas de TI foi de 12% para o período levantado. Entretanto, quando comparado às melhores empresas para se trabalhar no Brasil, essa taxa foi ainda maior – 71% maior em TI do que no ranking global (que integra empresas de outros setores e verticais). Em um setor altamente competitivo e ávido por talentos com habilidades digitais, o estudo mostra que as empresas estão concentrando esforços para oferecer educação e reskilling.

Neste ano, 67% das empresas ranqueadas afirmam oferecer bolsas de estudos para graduação ou pós; enquanto 57% afirmam oferecer verba para funcionários usarem em desenvolvimento de sua escolha. Há ainda 48% das empresas que oferecem universidade interna, enquanto 72% oferecem bolsa para cursos de idioma. O mentoring também foi destacado, com 77% afirmando ter programas de mentoria.

Mulheres em posições de liderança

Entre as premiadas, 44% do quadro é composto por mulheres e 56% por homens. Na média da alta liderança, há uma lacuna ainda maior. Apenas 22% das mulheres estão em posições de alta liderança; enquanto os homens ocupam 78% desses cargos. Já na presidência das 135 premiadas – apenas seis mulheres detém o título máximo.

O que retém talentos?

A oportunidade de crescimento, qualidade de vida e alinhamento de valores representam os funcionários com os mais altos índices de confiança em suas respectivas marcas empregadoras. Da lista, 44% consideram a oportunidade de crescimento o elemento mais importante de permanência da empresa. Em seguida está qualidade de vida, com 26%. Em terceiro lugar alinhamento de valores (17%), remuneração e benefícios (101%) e estabilidade (2%).

Ruy Shiozawa aponta um item que chamou a atenção no estudo deste ano e que reflete as empresas melhor pontuadas: 84% delas permitem que os funcionários participem de programas de voluntariado no horário de trabalho. Na visão do CEO da GPTW Brasil, este item endossa o que boa parte das companhias já aprendeu: um propósito bem definido atrai talentos.

“Por que as pessoas permanecem em uma empresa?”, questiona Shiozawa. “Chama atenção que está crescendo o contingente de profissionais que ficam por um alinhamento de propósito e valores. Eu quero ficar em uma empresa não só pelo salário, mas porque ela tem a ver comigo, ainda mais em uma sociedade cada vez mais polarizada, ter um lugar onde você vê alinhamento de valores.

Por exemplo, se sou uma pessoa que defende a diversidade e inclusão, eu vou querer estar em uma empresa que luta por essa causa”, indica o executivo. Para ele, o estudo reforça um alerta às organizações que buscam atrair e reter os melhores talentos. “A mensagem que fica para as empresas é: desenvolvam o seu propósito, aglutine ao redor de valores, pois é muito relevante. Não é subjetivo, faz com que as pessoas fiquem ou vão embora”, diz Shiozawa.

  

Fonte: ITForum

17 de novembro de 2020