73% das empresas no Brasil creem que dados são essenciais, mas só 28% os tratam adequadamente

Como as empresas têm lidado com a avalanche de dados gerada pela aceleração na transformação digital dos negócios e da sociedade? Para responder a essa questão, a fabricante Dell encomendou um estudo global, conduzido pela Forrester Consulting, batizado de Data Paradox (“paradoxo dos dados”).

Os resultados do levantamento apontam que a explosão no volume, velocidade e variedade de dados gerados, em vez de oferecer uma vantagem competitiva, tem criado um desafio para as organizações, por conta de uma combinação de barreiras: falta de conhecimento e ferramentas adequadas, dificuldade de integração e riscos associados à privacidade e segurança.

O Data Paradox foi gerado a partir de uma pesquisa com mais de 4 mil diretores e tomadores de decisão em empresas de 45 países, incluindo do Brasil, realizada em maio deste ano. E os resultados apontam que, no mercado brasileiro, 73% dos executivos acreditam que os dados são essenciais para o negócio, mas apenas 28% conseguem tratar esses dados de forma adequada e transformá-los em informações relevantes para o negócio. Além disso, 43% apontam que a pandemia ampliou significativamente a quantidade de dados que precisam ser coletados, armazenados e analisados pelas organizações.

O levantamento separou as empresas em quatro grandes grupos, de acordo com o estágio de maturidade na gestão de dados sob o ponto de vista de tecnologias/processos e cultura/conhecimento. No Brasil, 23% das companhias entrevistadas foram classificadas como Campeãs de Dados, ou seja, têm capacidade de transformá-los em insights para o negócio usando multi-cloud e modelo de serviço para processamento na ponta, além de investir em conhecimentos e cultura focados em dados. O número, vale salientar, é quase o dobro da média mundial, de 12%.

A maioria (47%) das empresas do país, porém, ainda se encontra na fase de Novatas de Dados, que engloba aquelas que estão sobrecarregadas com o volume e a variedade de dados e precisam da otimização dos conhecimentos e infraestrutura para lidar com eles. Ainda há 18% posicionadas como Entusiastas – ou seja, já investem em conhecimentos e cultura focados em dados, mas precisam melhorar a infraestrutura e os processos – e 12% como Técnicas – prontas para transformar dados em insights, usando multi-cloud e modelo de serviço para processá-los na ponta, mas precisam otimizar os conhecimentos e a cultura para a gestão deles.

O paradoxo de “mais dados do que as empresas suportam”

Entre os paradoxos mapeados, o estudo mostra que, enquanto 76% das empresas no Brasil dizem que estão coletando dados em uma velocidade mais rápida do que conseguem analisá-los e utilizá-los, 74% dizem que, constantemente, precisam de mais dados do que aqueles disponíveis. O que pode ser o resultado de:

  • Mais da metade (58%) das empresas no país afirma que armazenam uma quantidade significativa de dados nos data centers próprios e não processam os dados na borda (edge);
  • Para 38% das companhias os dados estão divididos em silos e não estão integrados em um mesmo ambiente;
  • A maioria das organizações no país (71%) ressalta que a diretoria da organização não apoia de forma ostensiva o uso estratégico da análise de dados.

Essa combinação da falta de ferramentas, processos e cultura faz com que a explosão de dados dificulte mais o trabalho das equipes em vez de facilitar. No Brasil, 63% dos respondentes do estudo reclamam que têm um grande volume de dados que não atendem aos requisitos de segurança e conformidade e 59% consideram que suas equipes estão sobrecarregadas com os dados de que dispõem.

“Em um cenário de transformação digital acelerada e no qual os dados passam a ser cada vez mais estratégicos para a tomada de decisão e para inovação, esse estudo mostra que as empresas – e seus líderes – precisam olhar com mais cuidado para essa questão, se quiserem ser competitivas no longo prazo e evitar problemas associados à segurança e conformidade”, afirma Diego Puerta, líder da Dell Technologies Brasil. “E o caminho para melhorar isso passa, necessariamente, por investimentos adequados em tecnologia, processos e conhecimento combinados com uma mudança de cultura das organizações, na qual essa visão orientada a dados deve permear toda a companhia”, complementa.

O paradoxo do “ver sem fazer”

Nos últimos 18 meses, o setor de soluções e serviços on-demand teve um crescimento exponencial. No entanto, o número de empresas que mudaram a maioria de suas aplicações e a infraestrutura para um modelo como serviço nesse período ainda é pequeno: só 20% no Brasil.

Apesar disso, a maioria das empresas enxerga que a infraestrutura de TI e aplicações sob demanda podem trazer benefícios concretos para o negócio:

  • 65% das empresas no Brasil acreditam que esse ambiente on-demand permite escalar para atender as demandas dos clientes;
  • 68% acreditam que o modelo permite às empresas serem mais ágeis;
  • 66% acham que o on-demand garante o provisionamento de aplicações de forma mais rápida e simples;
  • 80% dizem que o modelo on-demand ajudaria a solucionar as dificuldades que a empresa está enfrentando com parte ou todas das seguintes barreiras associadas a capturar, analisar e atuar sobre os dados: alto custo de armazenamento; um data warehouse que não é otimizado; uma infraestrutura de TI ultrapassada; e processos que são muito manuais.
Esperança no horizonte

O estudo mostra um ambiente promissor. Apesar dos desafios atuais, boa parte das empresas consultadas têm planos para melhorar o tratamento de dados. No Brasil, 76% pretendem implementar o aprendizado de máquina para automatizar a detecção de anomalias de dados; 59% planejam mudar para um modelo de dado como serviço e 65% pretendem rearquitetar seus ambientes para melhorar o processamento e uso de dados nos próximos um a três anos.

“O caminho para que as empresas transformem essa avalanche de dados em uma vantagem competitiva para o negócio passa, necessariamente, pela modernização da infraestrutura de TI, por meio de uma arquitetura que permita capturar, analisar e utilizar os dados na ponta, a partir de um ambiente multi-cloud”, aconselha Puerta, acrescentando: “A mudança passa também pela otimização do fluxo de dados, para que eles possam fluir de forma mais livre e segura, enquanto são amplificados por tecnologias como Inteligência Artificial e Machine Learning (Aprendizado de Máquina). E, por fim, depende da criação de soluções que, a partir da inteligência de dados, tragam uma experiência cada vez mais surpreendente e personalizada para os clientes.”

 

  • Fonte: Administradores.com.br
  • Foto: Administradors.com.br
  • 26 de agosto de 2021