Internet das Coisas avança pouco no País

O baixo nível de investimentos em telecomunicações no Brasil nos últimos anos vai fazer com que o País chegue atrasado na corrida mundial da chamada Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês).

Enquanto vários países aceleram os planos para lançar redes ultrarrápidas que permitem ampliar a conexão de objetos para gerar ganhos de produtividade, o Brasil destina menos recursos que a média mundial. Estudo da Huawei, gigante chinesa de infraestrutura de telecomunicações, aponta que, por aqui, o ritmo de expansão de fibra ótica é cerca de um terço do que é feito no resto do mundo.

A oferta de data centers é outro gargalo: cresce no Brasil a um ritmo 50% menor que a média internacional. Esse cenário já se reflete na projeção de crescimento da Internet das Coisas no país. Dados da GSMA, a associação internacional do setor de telefonia, apontam que o volume de objetos conectados no Brasil vai aumentar 13% até 2022, para 266 milhões de aparelhos em geral, incluindo carros e eletrodomésticos, por exemplo.

A previsão é inferior à de países desenvolvidos, como Estados Unidos (45%), França (32,5%) e Alemanha (23%). O País também fica atrás de emergentes, como China (28%) e México (19%). Para Julio André Sgarbi, consultor da Huawei para a América Latina, o Brasil investe pouco na preparação para a ecomia digital.

Ele explica que o País precisa desenvolver uma infraestrutura que permita a criação de um ecossistema para a Internet das Coisas envolvendo operadoras de telecomunicações, fabricantes de dispositivos e indústria.

“O investimento hoje é centrado na estratégia das teles, que é a telefonia móvel. O resto acaba ficando em segundo plano. Veja o caso dos data centers, necessários para a economia digital. As empresas até fizeram um investimento, mas como o retorno inicial não foi o planejado, pisaram no freio. O Brasil hoje investe bem menos que o necessário para se tornar uma economia digital.”

Se o País está atrasado, por outro lado, o potencial de crescimento é alto, dizem empresas do ramo. Bertrand Ramé, vice-presidente da Sigfox, uma companhia especializada em objetos conectados, e que tem a espanhola Telefónica entre os acionistas, diz que o plano da companhia é largar na frente, criando soluções e fomentando o mercado no Brasil.

Ele cita casos como sensores na agricultura, que ajudam a aumentar a produtividade da plantação ou de equipamentos nas lixeiras das cidades que ajudam a medir o volume do lixo, ajudando a reduzir os custos com coletas desnecessárias. Mas, para isso ocorrer, afirma, é preciso aprofundar a relação entre teles e fabricantes.

“Serão investidos no Brasil mais de US$ 50 milhões até 2019 na construção de rede. Mas é preciso buscar mais parceiros. É isso que estamos fazendo agora. Temos que incentivar a produção de sensores no Brasil. Hoje, a Europa tem mais potencial, pois a rede é mais desenvolvida. Aqui, estamos ainda desenvolvendo”,  destaca Ramé, que pretende chegar a 60 países até dezembro deste ano. Com a chegada da rede 5G ao Brasil, Amadeu Castro, diretor da GSMA no País, lembra que será preciso aumentar o número de antenas no País.

Fonte: Jornal do Comércio 

27 de agosto de 2018